Tive um sonho maluco. Sonhei com um cara doido, cheio de
cabelos. No começo parecia só uma cabeça que falava sem parar. Começava assuntos
e não acabava, emendava outros. Tempos depois, retomava o primeiro com um link
perfeito, articulado. Ritmo frenético, ritmo acelerado. Estava quase 100% escuro
e eu não conseguia discernir o cenário. De
repente a luz começou a melhorar e essa cabeça cheia de cabelos e muito falante
começou a evidenciar-se no topo de um corpo magro e alto. Vestia preto.
Conforme a luz melhorava via-se ícones, desenhos, formas e
até personagens, entre outras coisas menores, difíceis de entender, gravitando
ao redor daquela figura que, se de boca fechada, pareceria tradicional, mas
tantas eram as frases e assuntos e palavras soltas e discursos e músicas e
poemas picotados e seilá mais o que que saia daquela boca, ficava claro que era
uma figura diferente, meio bizarra até.
De tão estranho passou a ser atraente e num lapso ínfimo de
tempo passou a querer me hipnotizar. Ainda tinha consciência, mas era tão intrigante
que me deixei levar para tentar entender. Para experimentar. Aquela boca não parava de falar, os
olhos penetravam os meus e as coisas todas que gravitavam ao redor, parecendo
pedaços de sonhos de pessoas comuns, começaram a gravitar ao meu redor também.
Estava no olho do furacão! Foi aí, que um cheiro delicioso de chocolate tomou
conta e eu podia enxergar os doces em forma de rosquinhas saídos do forno chegando cada vez mais
perto de mim. Delicioso, sensacional! Dunkin Donuts por todos os lados! Foi aí,
na melhor parte, que o cara maluco que me hipnotizava, num gesto rápido, como o
queimar de uma lâmpada, fez cair todos no chão, exceto um, que levava à minha
boca.
Fechei os olhos para degustar aquele doce que estava prestes
a abocanhar, mas nessa hora, ele tirou de mim o melhor bocado. E fiquei sem
nada.