15.10.09

Tum-tum

Vem aqui, deixa eu ouvir seu coração
Quero acertar as batidas do meu no seu
Quero calcular com quantos bits por minuto você vive
Quero fechar os olhos e me perder na conta, quero não ter que contar nada mais

Quero contar tudo para você
Quero contar segredos
Quero contar historias
Quero planejar castelos e derrubar tudo para no lugar erguermos uma casinha de sapê

Vem aqui, deixa eu ouvir seu coração
Vou respirar bem devagar e expirar contigo
Vou beijar seu peito com carinho e admirar você
Vou contar todas as suas pintas e começar tudo de novo, quero contar sempre e mais

Vou querer ouvir tudo o que pensa
Vou querer ler seus pensamentos
Vou querer que me conte historias pra viver e pra dormir
Vou querer apostar promessas valendo uma coca-cola para serem quebradas e substituirmos por juras de coração.

delicias

Um presente bem grande para uma criança bem pequena e bem pobre
Uma rifa de quermesse premiada com o nome “Josileusa”
Uma rosa selvagem no meio do acostamento daquela estrada movimentada
Um mês de lavagem grátis do nada, quando abasteço no mesmo posto de sempre
Um velhinho do asilo feliz no dia dos pais
Uma visita de amigos inesperada naquela hora que você se sente só no mundo
Uma cesta de doces da vó, no dia em que acabaram todos os chocolates da despensa
Um Plantão do JN com Bonner e Fátima dizendo que o Brasil é líder no desenvolvimento social seguido da Paula Padrão dizendo que todas as bombas nucleares foram desmaterializadas do nada
Bombons, sorvetes e camas quentihas emagrecedoras
Um copo de água gelada depois de correr 20 minutos atrás do ultimo ônibus
Um abraço de uma criancinha cheirosa sem pedir
Sua mãe feliz dizendo que ganhará R$ 5mil para ficar em casa descansando e fazendo quitutes pro café da tarde
Uma festa de aniversário surpresa com amigos de todas as épocas sorrindo pra você
Férias remuneradas de dois meses após trabalho nos fins de semana e descanso nos chamados dias úteis :)
Tudo isso seria muito bom, mas real e tão bom só minha vida depois da Elissa ficar 20 minutos na fila do banheiro da Cachaçaria.

(sou brasileira, não desisto nunca)

Quando penso em você muda o dia. O céu nublado ganha sol e as flores murchas se abrem coloridas todas! Pensei um pouco se era certo te querer, mas não tive resposta, porque não se trata de ser certo ou errado, mas se você é digno ou não do meu amor (já tão grande) por você. Pois é, vai saber... é que quando encosto no teu peito tudo se confunde e eu fico boba, meio semidebilmental. Vamos então soltar o varal de cordinhas sem nós intermediários. Vamos descer a ladeira de carrinho de rolimã sem freio. Vambora, como você diria, vamos parar de babis-blow. Que onda, gatão! É isso aí, velho. Sem medo. O que sinto é massa, é cabuloso. Conto alguns detalhes só pros brothers, o resto é segredo nosso. Baccios. E vem logo me ver.

2.10.09

Todos nascemos para fecundar


Plantar uma semente, plantar uma muda, plantar uma árvore. Plantar pequenas e grandes idéias, plantar gestos de bondade, de solidariedade. Plantar o presente e o futuro. Plantar sentimentos, plantar o bem. Já fez sua parte?

23.9.09


Maria-sem-vergonha corre atrás do homem que quer
Maria-sem-vergonha dorme querendo ser acordada de madrugada com ligações e sms
Maria-sem-vergonha sou eu, é você, é toda aquela que sonha com
Brilho nos olhos
Alma voadora
Saia curta, decote e perfume forte
(nem todos de uma vez só)

Maria-sem-vergonha é antiga e é moderna
Maria-sem-vergonha lava, passa cozinha e quer ter aula de striptease
Maria-sem-vergonha somos nós todas que queremos
Fins de semanas infinitos
Cinema com pipoca
Barba mal feita, abraço espremido e sussurro no ouvido
(nem todos de uma vez só)

Vai Maria-sem-vergonha, corre, estica, puxa, dá uma cambalhota e seja mais feliz!

Criancice

“Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura”.
(Martha Medeiros)

“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”. (Platão)



“Tenho a impressão de ter sido uma criança brincando à beira-mar, divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto o imenso oceano da verdade continua misterioso diante de meus olhos”. (Isaac Newton)

“As mulheres permanecem sempre crianças que vivem à espera de algo”. (Oscar Wilde)

“Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo. Mas nem todas as respostas cabem num adulto”. (Arnaldo Antunes)

21.9.09

Pode ser...

É estranho e arriscado dizer, mas outro dia o descrevi em um papel. Um papel não, uma lista ordenada em um papel. Uma lista ordenada e desacreditada em um papel. Uma lista pra Deus, uma lista que parecia de supermercado, mas impossível de se encontrar o que ali está descrito em qualquer esquina, ou mesmo na esquina mais famosa e glamourosa da Champs-Élysées, por exemplo.

É estranho, é arriscado dizer, mas digo que outro dia o descrevi em um papel porque é a primeira vez que encontro minha lista andando, comendo, falando, sorrindo e piscando os olhos com força. (É bem possível que este seja mais um texto romântico e se esvaia pela rede em algum tempo, transformando as palavras, linhas e parágrafos em pixels sem sentido, mas pode ser que não.) Pode ser que realmente minha lista ordenada e desacreditada tenha tomado vida e esteja respirando perto de mim. Se isso for verdade eu entenderei várias coisas sem sentido e, enfim, conseguirei tomar coragem para voar. Se isso acontecer, passarei a acreditar em cachorros falantes, casas voadoras e promessas de coração.

10.9.09

Pedra Grande

O caminho foi todo uma delícia, mas quando chegamos no topo a sensação foi de profunda admiração por toda aquela visão, que queria alcançar além do que os olhos viam. Uma paz incrível tomou conta de cada uma de nós e nossos pulmões se inflaram com liberdade. Depois de curtir um silêncio cheio de conteúdo e pensamentos maravilhados, caminhamos, corremos, escalamos, cantamos, gritamos. O vento brincou e levou pra longe o stress e o cansaço, o sol derreteu todos os maus pensamentos.

Eu, que já me senti como peixe, agora vou realmente voar. E lá vi três tipos de vôo. Um de asa delta, outro de parapente, e um rodopio apaixonado de um casal. Quero experimentar todos eles.

7.9.09

7 do 9



E não é que eu chorei com o hino!
Brasil, te amo!

3.9.09

En el muelle de San Blás

A primeira vez que ouvi esta música e a traduzi, achei fantástica. E continuo achando. Você que está lendo, provavelmente não vai entender, vai achar exagero. É que eu sinto ela fazer o sangue circular mais triste e ao mesmo tempo mais firme nas veias. Adoro palavas fortes... e ela traz algumas bem colocadas, dispostas, em posição perfeita. O shuffle a sorteou aqui no meu Media Player agora e, sem brincadeira, fazia uns 5 anos que não a ouvia. Foi bom.

A edição desse cara ficou legal.

2.9.09

Vitória-régia


Queria ter o final da tarde de hoje livre para mim. Para eu tirar os sapatos e andar descalça, sentindo a areia no meio dos dedos e as pedrinhas na curva dos pés. Se eu tivesse o fim da tarde todo para mim, poderia ter ido procurar uma vitória-régia e me sentado perto dela, para ficar aguardando em silêncio o desabrochar de uma flor. Nessa deliciosa espera, eu contemplaria o sol se pondo, agradeceria os momentos bons do dia e, quem sabe, colocaria os pés na água. Sem saber se era o primeiro ou o segundo dia de vida da flor, faria um jogo no qual ela me responderia se você é ou não uma pessoa especial. Se sim, a flor seria branca, se não, rosada. E eu esperaria os poucos minutos ansiosa, com a recompensa de que - de qualquer forma - sentiria um suave perfume adocicado no ar. De quebra, ainda veria a lua brilhante no céu.


(Hoje me apaixonei pela vitória-régia e descobri que ela pode chegar a até 2m de diâmetro; que sua folha adulta pode agüentar até 40kg sobre ela e que suas flores mudam de cor, de acordo com o primeiro e segundo desabrochar. Não é a toa que uma das lendas folclóricas mais bonitas é a dessa bela planta aquática amazônica.)

31.8.09

O marinheiro


Não tinha o hábito de usar despertador, pois acordar cedo era uma rotina de sempre. Levantava-se antes do sol e todos os dias o via subir por detrás do mar. Os primeiros raios da manhã davam a impressão de o mar estar alaranjado e cristalizado. Aquele mar calmo e seguro, que há tantos anos o abrigava.

Era um velho marinheiro da marinha mercante, conhecia vários barcos e navios de carga, e por isso também vários países, vários lugares. É claro que preferia o convés à casa de máquinas e como já estava com a idade avançada tinha um certo privilégio de livre arbítrio. Já não obedecia a regras, fazia o que tinha vontade. Era praticamente um passageiro-morador daquela embarcação e se orgulhava em ter conquistado esse status à base de muito trabalho, coleguismo e respeito.

À noite, contava histórias e estórias aos novatos e dizia que cada estrela era uma mulher que olhava pelos homens do alto, pois não os podiam ter. Como era injusto tanta mulher no céu e a ausência delas consentida no mar! Era verdade que nunca havia se casado, mas mentira dizer que não tinha vivido grandes amores. Pros mais chegados, contava suas aventuras, encantos e desencantos.

E como ia dizendo antes, cada novo dia parecia o mesmo. Levantava da cama, lavava o rosto, escovava os dentes, bebia o que tivesse e comia uma fatia de pão de forma com manteiga de garrafa. Uma vez por semana dava para comprar frutas e o desjejum era, portanto, mais saboroso. Mas no dia-a-dia era só isso mesmo: pão de forma com manteiga de garrafa e um pingado ou café preto, ou chá mate. Pegava a caneca e, no convés, via a lua dar lugar ao sol, e admirava o alaranjado no mar.

Um dia, quando a embarcação aportou logo cedo, resolveu dar uma caminhada. Era grande a carga que seria deixada no porto e a tripulação garantiu que em menos de cinco horas não terminariam o trabalho. Calçou o par de sapatos, desceu do barco e escolheu aleatoriamente o rumo. Seguiu pela direita, à beira mar e foi reparando em tudo que sua visão e mente podiam captar. Um casal de jovens namorados trocavam carinhos em frente a uma lanchonete, uma senhor de meia idade comprava jornal em uma banca cheia de penduricalhos, um moço triste caminhava ao lado de um cachorro sujo e magro. Passou também por um grupo de amigas alegres que tinham cestos de roupas nas mãos e por guardas que faziam ronda no local.

Já a uns quilômetros do barco viu um banco de madeira próximo a uma saída para a praia. Sentou ali e ficou admirando a paisagem. Um vento fresco bateu em seu chapéu e quase o fez voar. Nessa hora, um vendedor de doces sentou ao seu lado e perguntou: “Nunca o vi por aqui, está a passeio?”. O velho marinheiro respondeu que vivia no mar e apontou ao longe a embarcação, “Está vendo aquele barco grande, com alguns homens trabalhando? É minha casa”.

Conversaram sobre coisas bobas e o vendedor se foi. O velho sorriu e agradeceu a prosa. Mal estava sozinho, sentiu um calafrio e uma linda gaivota passou em sua frente e voou como que em direção do sol. Seus olhos brilharam como o alaranjado das manhãs do mar e se fecharam com delicadeza. Quando os abriu de novo, sobrevoava o mar.


(Imagem do banco SXC)

30.8.09

Valores...


Quanto custa um cachorro quente, quanto custa uma TV de LCD, quanto custa um carro, quanto custa?

Tudo tem um preço, mas nem tudo tem valor. O cachorro quente depois de um dia todo sem comer nada, uma TV de LCD comprada com a vaquinha de um grupo de amigos pra dar de presente de casamento, um carro quitado com várias prestações que apertavam meses o orçamento, isso sim tem valor.

Tem mais valor a carta que o selo, o papel e o envelope. Tem mais valor a bandeja de decoupage feita com carinho que os whiskys Blue Label sobre ela. Tem mais valor o som doce da voz da mãe à distância, que o celular com Bluetooth. Tem muito mais valor as cenas fotografadas e as viagens compartilhadas com amigos que a máquina fotográfica e as passagens aéreas.

Viver é um ato com preço inestimável, mas só consegue desfrutar com sabedoria aquele dá valor para às devidas coisas, que são, claro, as que ficam nas entrelinhas, escondidinhas, aquelas que dificilmente você vê explícitas mais de uma ou duas vezes por dia. E como o valor das coisas depende dos olhos de quem as vê, é aí que mora o perigo...

Deus pôs a gente na Terra e nos deu uma placa de “Atenção”, mas não explicou direitinho com o quê se deve temer. Eu acho que são com os falsos valores. Eles deturpam o que vemos, nos fazem ouvir os que não valem a pena, nos deleitamos com sabores errados, confundimos cheiros desagradáveis com boas fragrâncias, tocamos o que não devemos ou o que não é nosso. Valores errados estragam os sentidos, e o sentido de todas as coisas.

...E viver tem que ter sentido e tem que ser intensamente de verdade. Penso assim porque quando eu morrer eu quero chegar lá sorrindo.

23.8.09

Ontem

Areia no chão, estrelas no céu, cerveja na mesa, lustres de cabaça, bom som, bom papo, boa companhia, bom cheiro, gente dançando, lei antifumo (oba!), arandelas de barro, meia-luz, frio, aquecedor, riso, silêncio, beijo, abraço, amasso. Amasso o recibo do pedágio, estrada, tchau Fer, sono, bom dia. Fim.

Sobre a condenação das boazinhas

Isto não é um post, é um conselho precioso. Se não quiser pagar R$ 50 por ele, não leia.

.
.
.

Não importa se você é inteligente e não é trouxa, se você for boazinha, você vai se %$#@%$. Não importa que seja intensa, picante, talvez um pouco sarcástica ou se ache perspicaz: se você for boazinha, você está condenada. Então, em doses homeopáticas vá à farmácia mais próxima e compre um placebo qualquer, só pra fingir que não é mais romântica, que não acredita em ninguém, que não chora em comédias românticas onde as boazinhas, que se %$#@%$ o filme inteiro, acabam felizes. E é como eu já disse outro dia... fingindo que não é boazinha, uma hora você acaba acreditando. Veja bem, vai dar tudo certo. E pára de querer achar o cara certo, vai ver o certo é o errado! E se um bonzinho aparecer não se iluda. Eles existem tanto quanto duendes e coelhinhos da Páscoa. (E agora entendi porque ainda não saí da comunidade “Eu acredito em Papai Noel”. Vou aumentar a minha dose de placebo)

Vasculhando...

Vasculhando meu note achei coisas que até Deus duvida! Músicas, textos, e-mails e fotos, muitas fotos, na minha pasta “800mil_imagens”. Isso porque eu estou para receber cerca de 1,5 ano de fotos em um DVD. Meu Deus! Quantas histórias e quantas estórias pelo caminho. A serenata que sempre quis e nunca ganhei, a serenata que quase deu certo, as flores que recebi, declarações em diversos lugares lindos e outros nem tanto. Os amores que vivi, separados por subpastas. Os amigos que estão por perto, os que estão longe, os que ficaram pra trás. Festas absurdas, baladas péssimas, rs, outras ótimas, churrascos inesquecíveis, viagens idem. Os locais que visitei, bares onde bebi, casa da avó, de amigos, ruas de sempre e de nunca mais (talvez). Muitas pessoas e muitas fases. E eu meio menina, meio mulher. Ufa! Como é bom viver.

Intensidade

Porque beijar não se faz apenas com lábios e língua, mas com mãos e braços e pernas e mais. E beijo que é bom tem gosto de boca.

22.8.09


Não é uma garota da praia, não mesmo, mas gostaria de ser. Menina do rio, só se fosse o de Janeiro, pois pés em lodo de rio, só de tênis. E ela já fez isso algumas vezes sem pudor. Adora ficar descalça, mas os meses frios não permitem, assim como o cenário cotidiano: ruas de asfalto, calçadas íngremes, trabalho que exige salto. Por isso, quando pode, mesmo que o vento bata gelado no corpo, ela mergulha os pés numa piscina qualquer e imagina uma paisagem viva e verde, com os bons amigos em volta e nada de preocupação pesando nas costas, na cabeça ou na alma.


(Renata, que saudade da sua casa! Que saudade de vc!)

18.8.09


Quero descansar nas sombras de uma bela árvore, de copas largas. Quero descansar sob o sol, que deliciosamente irá queimar minha pele branca. Quero sentir a grama pinicando as costas, braços, pernas e pescoço. Quero ter que escolher não me preocupar com formigas subindo pelos meus pés. Quero deitar às sombras de uma bela árvore e com olhos semiabertos fitar o céu. Vou procurar resquícios de fios de nuvem no azul limpo que faz plano de fundo para o cenário de paz e alegria. Quero descansar, expirar o cheiro de flores e folhas e recobrar energia, para me levantar da grama pinicando e correr o mais rápido que eu puder, sem preguiça, sem protetor solar.

"O" morango


Ser único é desejo natural de qualquer ser humano. Alguns almejam ser o único detentor do poder, ser dono do mundo, ser o único com mais de x milhões, o único a ter o carrão importado, o único a desafiar a morte escalando o pico de uma montanha selvagem. Outros desejam ser o único filho, o único neto, o único queridinho do chefe. Existem os que querem ser os únicos donos da razão, outros que preferem ser os únicos engraçados da turma. Alguns desejam com um peso de egocentrismo ou egoísmo que dói, outros apenas querem ser especiais. Eu adoro o tal espírito de equipe, a comunicação entre as pessoas, a divisão de tarefas, críticas e elogios. Meu desejo em ser única é mais emocional. Faço parte daquela parcela da população que quer ser única aos olhos de alguém. Única e especial, como este morango aí, escolhido entre mais de 200 tão brilhantes, vermelhos e tenros como ele. Ser único não é ser diferente. É, mesmo sendo igual, despertar no outro a sensação de completude. E pois. Com esse morango não precisei de mais nenhum outro.

(Foto tirada semana passada com a 'recomendação': "Vai, Thais, olha só esse morangão! Vem aqui que seguro no fundo branco!", rs)

17.8.09

Como em Grey´s Anatomy

Logo que ele chegou no trabalho a viu, ainda no estacionamento. “Puxa, logo no primeiro horário da segunda-feira! VTC!”, pensou. A relação era estritamente profissional e tudo que ele fazia era motivo para mil reclamações dela. Não havia cordialidade. Milhões de vezes pensou em colocar tudo numa óbvia caixa de papelão e pedir as contas. Ela era insuportável e o tirava do sério. Um dia chutou o computador e teve que se explicar pro chefe, ou seja, pra ela. Não falou nada, apenas disse que pagaria o conserto. Detestava o jeito de ela falar, de gesticular, de andar balançando o quadril mais para a esquerda que para a direita. E ela tinha uma mania de toda hora pedir pro estagiário encher a garrafinha de água i-na-cre-di-ta-vel-men-te ridícula! Um dia recebeu a notícia do ano: ela foi transferida pro sul. “Deus ouviu minhas preces!”, louvou olhando pro alto. Mas no dia em que o departamento todo fez a festa de despedida ele sentiu uma pontada no peito. De repente faltou ar nos pulmões e as forças se esvaíram pelas extremidades do seu corpo. O que ele mais queria era agarrá-la pela cintura, grudá-la na parede e devorá-la com beijos, como os que o Doctor Owen Hunt deu na Cristina Yang, na saída do hospital, em Grey´s Anatomy.

12.8.09

a aranha



Antes de todos chegarem e após todos irem embora ela estava ali. Enquanto todos comemoravam, falavam e extravasavam ansiedade, fome e sede, ela estava ali. Absorta em sua teia e alheia ao mundo de informações desencontradas que eram transmitidas sob a luz de sua casa, ela estava ali. Estava ali construindo, matando, vivendo.

Infames

A mulher com o melhor físico do mundo


Milagre da fotografia

5.8.09

Dia 5


Solidão é quando o coração, se não está vazio, sobra lugar nele que não acaba mais.
[Antonio Maria]

(Uma das grandes fotos da Times.)

3.8.09

Distância para enxergar melhor

Não foi bom quando saiu de perto, mas foi melhor. Quando precisou mudar de lugar e ficar um pouco mais distante, acabou sentando em uma cadeira posicionada à frente da janela, que contrastava a forte luz de fora com o ambiente interno escuro. Foi então que a camisa branca ganhou transparência e o contorno do seu corpo pôde ser desenhado. Quando virava de perfil, era possível ver os olhos mais brilhantes com os cílios longos e a curvatura peculiar da boca.

Às vezes é preciso um pouco de distância para reparar algo que, em situação comum, passaria despercebido.

30.7.09

Elas



Anuviada, essa é uma boa palavra para ela. Tem dificuldades em se concentrar, pois tudo tem seu devido interesse e valor, aí fica difícil não dar atenção a tudo. Fala bastante, pensa bastante, se emociona a cada novo detalhe que lhe passa à frente. Se não precisasse trabalhar, certamente seria uma dondoca loira e maquiada, que passaria horas e horas fazendo o bem com ações de serviço voluntário em prol dos animais gente e dos bichos. Sairia em revistas de fofoca como a dondoca mais loira e louca já encontrada. O Fantástico faria uma reportagem sobre ela, Caras a convidaria para um fim de semana no castelo.

Morena, alta, olhos marcados. “As mulheres da minha família têm essas rugas bem marcadas”, diz. O detalhe é fato, mas não é por isso que ela fica menos bonita. Tem personalidade forte, alguns acham que até uma certa grosseria involuntária, mas a risada sincera quebra a primeira impressão quando desencadeia outros muitos risos. Não coloca florzinhas ao redor da vida. Tem pé no chão e não derrete em qualquer chuvinha. É mulher com m maiúsculo, ops, Mulher.

Não sabe se é a coloração loira ou é ruiva que lhe cai melhor. Fica bem com ambas. Já foi taxada de reprimida, bandida, boazinha, mázinha, boba, espertinha. De fato, ninguém a conhece bem, é misteriosa e do tipo ‘come quieto’. Chora pensando nas criancinhas que podem pegar gripe e nos animais que têm de se esconder da chuva por não terem um teto. Ri e torce pros espertões tropeçarem e se igualarem aos pequenos. Teve um grande amor e não disse a ele, espera por um novo, enquanto sai, bebe, corre, dorme, trabalha, cansa e começa de novo.

Séria, disciplinada, compromissada e bom coração. Todos os dias chega no trabalho com os cabelos molhados e dá bom dia com a vivacidade de quem lavou também a alma além do corpo. Não é de muitas palavras no dia-a-dia, mas tem sempre palavras certas quando precisa. Às vezes doces, outras duras, algumas frias, outras calorosas. Seus mistérios não representam perigo e sabe fazer com que as pessoas percebam isso. Mantém o queixo erguido e a coluna ereta enquanto digita seu trabalho em frente ao monitor.

Só sabe que consegue ser feliz mesmo nos dias tristes. Não é difícil perceber quando acorda com mais brilho e vontade de terminar o dia com chave de ouro, nesses dias está com os cabelos arrumados e um acessório chamativo. Gosta de reconhecer o valor das pessoas, gosta de se dar bem com o mundo, gosta de olhar o mundo por uma janela mais colorida. Talvez por querer a reciprocidade, talvez por vislumbrar isso como sua meta de felicidade. Tolera alguns desaforos, mas nunca a injustiça e não tem personagens para cada situação. É uma só, com suas rugas firmes na testa.

Trabalharam das 8h às 21h e foram para um bar. Todas beberam cerveja, todas comeram peixe com molho Rochefort, todas riram e todas correram quando uma briga movimentou o ambiente. Todas foram e voltaram juntas e todas dividiram confidências pessoais. Todas reclamaram como mulherzinhas, ou pelos quilos a mais, ou pelas rugas, ou pelas desilusões, ou pelo frio que fazia, ou pela hipocrisia. Todas estão ali e é por isso que, com todas as diferenças de cada uma, elas são elas em harmonia.

22.7.09

Pessoas anônimas


Acorda cedo, o sol ainda nem despertou e só o galo do quintal do vizinho de trás da sua casa canta meio desmilingüido. Um galo desmilingüido morando na periferia da cidade que levanta poeira asfáltica 24h por dia. Toma banho, faz a barba debaixo do chuveiro, se enxuga com a toalha felpuda azul marinho, coloca o jeans surrado, o jaleco com o emblema “da firma” e calça as botas de segurança. Abraça a esposa que acabara de passar o café, toma um pingado, acaba com um pão na chapa em quatro mordidas e corre para o ponto de ônibus. Sentado próximo aos assentos reservados para idosos e gestantes, repara em um senhor bastante enrugado, com mãos grosseiras e unhas escuras. Imagina se foi ou ainda era um mecânico ou quem sabe um engraxate, talvez um funcionários do departamento de obras da prefeitura. O ônibus pára no ponto de decida. Mais um dia de trabalho. Das 7h às 17h ele é mais um.


Toda quinta-feira ela acorda mais cedo para chegar antes e encontrar os produtos mais bonitos nas bancas. Toma café preto com bolacha maizena e corre pra feira. Deixa um espaço para o pastel de carne, delicioso e quentinho, que combinava tanto com turbaína, mas o médico proibiu por causa da diabetes. Anda ligeira na rua ainda de paralelepípedos, esquecendo até do reumatismo que vem chegando. Quinta-feira é um dia feliz. Em meio ao colorido da feira ela esquece da sua vida cinza desbotado. Em meio aos gritos dos feirantes ela esquece do silêncio amedrontador da sua casa. Encontra uma ou outra amiga dos tempos antigos de escola, todas com batons avermelhados e lenços estampados no pescoço ou na cabeça. Ela se diverte com isso! Sempre foi discreta e por isso ostenta um casaquinho preto ou marrom castor às quintas-feiras, sempre com um broche enfeitando. Acaba saindo apenas na hora da chepa. A quinta-feira acaba com restos de cores e cheiros misturados de frutas, legumes e verduras que não foram escolhidos. É uma cena triste, mas fica confortada. Todos as quintas-feiras vê o brilho e o fim da festa e não se sente tão diferente. “É o curso das coisas”, pensa no caminho de volta para casa, caminho lento, com o carrinho cheio de companhia até a próxima quinta.


Tudo é muito alto para elas, nada podem alcançar. Correm, sobem no sofá, tentam fazer o mesmo na cadeira da cozinha, mas é difícil! A mãe lava roupa e fala ao telefone enquanto brincam na sala. Ainda não podem acender a luz sozinhas, o interruptor é alto demais. Ainda não podem olhar pela janela e ver o que faz tanto barulho lá fora, a janela é alta demais. Ainda não podem atender à porta quando alguém toca a campainha, a maçaneta é alta demais e é necessária força para girá-la. Agarram ursos de pelúcia, vêem TV, montam castelinhos com peças de madeira, tiram os sapatos para a mãe ter que colocá-los novamente. Brigam, puxam os cabelos uma da outra, brincam de boneca, rabiscam folhas de rascunho com lápis de cor. Almoçam quase sozinhas, "parecem duas mocinhas!", a mãe elogia, segurando ainda colheres tortas. À tarde, quando ela vai trabalhar, recebem beijos e carinhos até que a avó chega para contar estórias e fazê-las dormir. A abraçam, disputam o colo. Mas tudo ainda é alto demais, alto demais para saberem o que virá pela frente.

20.7.09

Sem passar vontade

Quando a mestre de cerimônias sinalizou aos 200 convidados que o café estava aberto e as pessoas olhavam com água na boca para croissants e carolinas de maracujá cobertas com chocolate, ele pegou o microfone e começou a falar tonterias e meter o pau no serviço de água e esgoto. Quem estava próximo à mesa cheia de guloseimas recuou por educação, mas era difícil prestar atenção naquele discurso em hora inapropriada. Ele tinha quase 80 anos e este comportamento era sua marca registrada. Uns riam, outros cochichavam, poucos fingiam prestar atenção e todos queriam que ele parasse logo. Dois dias depois faleceu sem ter passado vontade de "fazer o uso da palavra", como disse na ocasião. E das 200 pessoas que estavam no evento, algumas que se encontraram comentavam, "ele nunca passou vontade". A viúva comentou "meu marido nunca passou vontade". A neta disse "vovô fazia tudo o que tinha vontade". Parece que morreu feliz.

17.7.09

Viajando...


Uma das metáforas mais bacanas para a vida a dois é o mergulhar. E, para mim, cabe mais que perfeitamente, pois tenho uma capacidade infantil de viajar e imaginar várias correspondências. Olha só, um bom mergulhador sabe que nunca deve mergulhar sozinho. Não é prudente. Por mais que saibamos desalagar a máscara e até seguir com a visão turva sem ela; por mais que saibamos de diversas formas recuperar o regulador, alcançar o octopus, fazer subida de emergência boiada, ser prudente ao passar próximo a tocas de moréias (rs), nadar estilo frog com perfeição, controlar a ansiedade e planejar o mergulho com base em técnica e segurança, enfim, por mais que sejamos mergulhadores Arraso... descer sem “um dupla” (é ‘um’ mesmo e não ‘uma’ dupla, na 'linguagem de mergulhador') não é legal. Não é tão bom, não é tão seguro, não é recomendável. Para mergulhar é preciso pelo menos dois. E viver não é assim?

Não aquele que passeia pela vida, mas aquele que realmente mergulha na vida consegue apreciá-la e se sentir confortavelmente seguro 100% do tempo, se não tiver um dupla? Tá, há fases em que o esporte que mais cabe é o surf, mas é uma fase passageira, praticamente adolescente. Mergulhar não, mergulhar é maduro. E é aí que vale dizer que o mais bacana é que as duplas de mergulhadores nunca se completam. São pessoas inteiras que estão juntas, uma zelando pela vida da outra. Há equipamentos e reservas para os dois... ao passear no mar, a pressão é enorme e não é possível se desconcentrar, mas é natural e conseqüênte nos deixamos levar e abstrair nossa forma condicionada de respirar em terra, nos locomover, nos comunicar. E mergulhar na vida não é assim? Quem passeia na vida faz tudo como sempre faz, mas quem mergulha tem o privilégio de abstrair o comum e viver algo diferente, profundamente diferente.

Há muito mais o que viajar neste assunto, mas não vou continuar. O tema veio em mente porque sonhei com isso esta noite. Sonhei que estava em Cozumel, para onde provavelmente iria no Ano Novo se eu ainda tivesse um dupla. Poderia até me programar para ir e encontrar um dupla qualquer lá, mas até lá muita coisa pode acontecer. É cedo para planos. Vai que algum doido me chame em novembro para ir pra Argentina?! Nada mais romântico que pegar gripe suína a dois no reveillon, rs. Taí, dispenso um beijo sob a Torre Eiffel!. Um amigo perguntou “o que você vai fazer no reveillon?! Acho cedo, mas vou mergulhar e pensar nisso.

- Olha eu na foto, inteira, mas sem dupla. Esse dia bebi água salgada. A válvula do regulador estava com problemas, algo dificílimo de acontecer. Quando fui pegar o octopus, devo ter perdido o controle, pois ele parecia superpreso (nunca está, é fácil puxá-lo) e machuquei um dedo. Que dor! Quase fico sem uma unha... mergulhar sozinho dá nisso.

Sexta, dia de rímel a prova d´água


"Já aprendi a levantar de muitos tombos diferentes, aprendi a dar com a cara na porta e continuar andando, aprendi a sonhar, a chorar quando os sonhos se desfazem e que pra isso existe rímel a prova d’água e corretivo."

Esse trecho do texto da Mari, que você pode conferir aqui, é muito minha cara. E hoje é sexta, por isso, vambóra!!!!!! A excursão sai cedo, umas 19h... vamos?!

15.7.09

Novo sonho-brega-pop-star

Durante muitos anos, meu sonho-brega-pop-star era participar (como primeira voz, claro) do clip da música tema do Moulin Rouge, "Lady Marmalade". Estaria lá, com aquele figurino espetaculoso fazendo caras e bocas, rs. Mas, há pouco descobri uma música bacaninha, assistindo ao trailler do filme "A Proposta", bobinho, mas bem legal (assisti no feriado). Procurei o clip e logo surgiu a vontade de abandonar a idéia do Moulin Rouge. Trata-se da "Hot and Cold", da Katy Perry. A parte da coreografia no barracão om algo que parece um bonecão de posto amarelo é muito 10, rs. Tá, não é um suuuuperrrrr som, mas é legal demais! E eu queria participar do clip! A tradução é bem cotidiana, ou seja, muita gente se identifica. Taí meu novo sonho-brega-pop-star-bem-pop...

Katy Perry - Hot N'Cold - Music Video


Hot N' Cold
Katy Perry

Composição: Katy Perry / Dr. Luke / Max Martin
You change your mind
Like a girl changes clothes
Yeah you, PMS
Like a bitch
I would know

And you over think
Always speak
Cryptcally

I should know
That you're no good for me

Cause you're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down

You're wrong when it's right
It's black and it's white
We fight, we break up
We kiss, we make up

(you)You don't really want to stay, no
(woooo)But you don't really want to go-o

You're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down

We used to be
Just like twins
So in sync
The same energy
Now's a dead battery
Used to laugh bout nothing
Now your plain boring

I should know that
You're not gonna change

Cause you're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down

You're wrong when it's right
It's black and it's white
We fight, we break up
We kiss, we make up

(you)You don't really want to stay, no
(woooo)But you don't really want to go-o

You're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down

Someone call the doctor
Got a case of a love bi-polar
Stuck on a roller coaster
Can't get off this ride

You change your mind
Like a girl changes clothes

Cause you're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down

You're wrong when it's right
It's black and it's white
We fight, we break up
We kiss, we make up

(you)You don't really want to stay, no
(woooo)But you don't really want to go-o

You're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in and you're out
You're up and you're down

A gente rala pra caramba, mas "si diverte"





(Final do Casamento Comunitário realizado na cidade... eram 78 buquês, mas não pegamos nenhum! rs)

13.7.09

Queria escrever algo para chegar ao seu coração



Queria escrever algo para você que saísse do coração
E fosse tão forte, tão vivo, tão verdadeiro
E tão sublime e tão surreal
Que você não resistisse.
Queria escrever algo para você que saísse do coração, como a primeira coisa que lhe escrevi à mão, em uma folha de caderno, cuja original não tenho, nem cópia. É só seu.

Queria escrever algo para você que saísse do coração
E fosse tão único, tão comovente, tão lindo
E tão ingênuo e tão nosso
Que fizesse o amor que um dia existiu renascer e voltar a ser. A existir, a inundar. A preencher cada poro do teu corpo e do meu corpo e nossos pulmões com o mesmo ar.

Queria escrever algo para você que saísse do coração
E fosse mais alto que o som do apito que dei para você soprar e eu te ouvir
(E foi por isso que eu dei, mas não falei)
Que conseguisse matar seus fantasmas, te atrair para mim e te encher de paz.

A paz que já nos invadiu e que hoje,
sem ela
não consigo escrever algo para você que saia do meu coração e alcance o seu.

12.7.09

Tijolo bigorna


Há cerca de um mês e meio estava caminhando descalça me sentindo a mais feliz das mulheres quando, de repente, um tijolo caiu no meu pé direito. Veio do nada. Um daqueles tijolos baianos, sabe? Com furos? Então... do nada um caiu no meu pé descalço. Vou te contar como foi.

Antes de o tijolo baiano cair no meu pé eu estava numa boa caminhando descalça. Feliz da vida. O dia nem estava tão perfeito para isso, confesso, mas tinha sol e calor e promessa do dia seguinte ser bem melhor. E eu deixei os sapatos guardados. Tinha um sorriso no rosto, cabelos balançando no ritmo do meu quadril pra lá e pra cá e a blusa de malha fina acompanhava o jogo. Olhava ao meu redor com charme e não via motivo de me virar para trás. Estava tudo ok, tudo lindo, um caminho aberto e cheio de paisagens boas para olhar. Foi aí que o tijolo veio com tudo. Parecia aquela bigorna que o Pica-Pau joga em cima de seus “inimigos” em quase todos os episódios, sabe?! O sujeito passa ao lado de um prédio e o Pica-Pau joga do alto a bigorda e acerta a cabeça do ser, que no geral vira uma “pizza” e o asfalto racha, visualizou?! Então... caiu um tijolo-bigorda no meu pé.

Óbvio que doeu demais! Meu pé virou pizza e o asfalto se rachou. Mas já se passou mais de um mês. Não tem como eu sair por aí correndo descalça, mas já dá pra eu caminhar. Ainda dói muito, ainda dá pra ver os pontos cirúrgicos, mas não preciso de cadeira de rodas. Se sinto falta do caminho ensolarado? Claro, né! Mas estou seguindo manquetola até que feliz pelas ruas nubladas pelas quais ando passando. Pelas ensolaradas vai demorar um pouco. Lá não se pode passear com sapatos e, com esse frio que faz aqui, só daqui um bom tempo. O estranho é que ando me divertindo mesmo assim. E muito!
Ufa, isso deve ser um bom sinal.


(Imagem perfeita para o post extraída de http://ryotiras.com)

10.7.09

“... e se estiver sem pára-quedas, a dor será breve”


Ela não acreditava que ele era capaz de assumir o leme, mas, bravamente, ele mostrou que ela estava errada. Ela gostou da demonstração de firmeza. Sentiu-se segura, entrou no barco e desmereceu o colete salva-vidas, ficou ensacado embaixo de todas as coisas mais úteis. O passeio foi incrível, belas paisagens, dias claros, outros escuros, mas todos agradáveis, até que ele sentiu um desconforto. E foi nesse dia, sem ela sequer imaginar, que ele a jogou no mar e seguiu sozinho. Ele com o leme no piloto automático, firme numa direção qualquer, ela no oceano à deriva. Ele sumiu no horizonte, ela está boiando até chegar em alguma praia. Com os braços e pernas abertas, deitada no mar ela olha pro alto. Olha pro céu e decide: “mar, nunca mais! Agora só quero voar...”

5.7.09

Lindo, triste, french.



ps.: Essas não são filhas dele, como o título no You Tube coloca. São concorrentes de um concurso x. Recebi do meu avô este vídeo e o achei lindo demais, assim como toda boa composição triste e francesa.

2.7.09

o sapato preto que não surpreendeu e o que surpreendeu


Ela sabia que não adiantava questionar, pois a resposta era simples: há várias opções, e ele não escolheu a mesma que a dela. Ok. Mas ela não conseguia ter as rédeas do pensamento nas mãos e o cérebro pensava demais. Foi assim que, de repente, entre mil pensamentos, lembrou de algo interessante: entre mil opções ele não escolheu nenhum, pois nenhum sapato preto o surpreendeu. E ela chegou a uma outra conclusão mais simples ainda: ele não achava ou não queria que ela fosse o sapato preto dele. Ironicamente havia encontrado um sapato preto que a surpreendeu, até titubeou com o preço, mas sabia que valia a pena. O problema é que, veja só... o sapato preto que a surpreendeu era ele e, agora, seria estranho calçá-lo. Deixou na caixa, na última prateleira da sapateira. Ai que pena, ele é tão especial. E agora vai ficar lá, porque ela só quer sapatos bemmmmmm coloridos.

mais uma vez à espera da primavera

Quando ele decidiu ir para o Alaska e ela não pôde ir junto, todo o resto do mundo ficou mais frio. Ela sabia que ele ficaria um tempo fora, mas que voltaria, mas os dias foram se passando, a primavera passou, o verão passou, o outono passou. Ela que só conseguia pensar nas coisas boas que ainda fariam juntos, agora pensava em quão distante cada desejo estava e a saudade foi se misturando à tristeza, e à tristeza, um pouco de revolta. Os beijos que poderiam ser trocados, os carinhos que poderiam ser doados, as risadas cúmplices que poderiam existir e as cobertas que poderiam não cobrir eram pensamentos que não faziam bem. Quando pela manhã saía de casa, fechava os olhos bem forte e depois os abria. Era assim que começava um dia após o outro e, com este piscar forte de olhos, colocava um ponto final nos pensamentos. A conta-gotas, esquecia um pouquinho de tudo que não foi compartilhado. Colocava um sorriso falso no rosto e caminhava, com alguns passos ele já não era tão falso assim. E esperava a primavera chegar mais uma vez.

29.6.09

Criado pelo tio, e não ''cavó''

mais fotos da viagem Sorte Paraty


You can dance
You can jive
Having the time of your life
See that girl
Watch that scene
Digging the Dancing Queen





Thais Walk On


Este final de semana foi bom. Ri muito, aprendi várias coisas, conheci novas pessoas, dei atenção e recebi de velhos amigos. Reconquistei a liberdade digital de ter Internet em casa (rs) e ouvi belas frases. “O que me causa sofrimento transformo em arte” (Truman Capote); “Te amo tanto que mesmo com você eu penso em você” (do personagem de Clive Owen em Duplicidade – muito legal o filme); “Quero ar novo pros meus pulmões” (Alê); “A gente não pode se defender do amor e nem da dor. Às vezes temos que encarar um deles, às vezes os dois” (de uma pessoa boa).

Bom, um turbilhão de sensações me pegou de surpresa neste fim de semana e quando cheguei em casa, depois de, em boa companhia, me entupir de batata frita com catchup (fingindo que aquela massa de carboidrato não me deixaria com a consciência pesada segundos depois) eu não estava no ponto de equilíbrio para escolher uma música pro meu perfil do Orkut, algo suuuuuuperrrrrrrrr incrível de se fazer e de uma responsabilidade enorme, rs. Queria que fosse algo que falasse mesmo de mim e pensei em várias, várias músicas, várias frases, várias citações.

Mas taí quem sou eu... alguém que sempre prefere escolher seguir em frente e que é feliz mesmo nos dias tristes e cheios de saudades e cicatrizes que não fecham de um dia para o outro. Perseverante, esperançosa, alguém que sabe o que quer e também do que tem preguiça. Thais Walk on. E não só na letra, mas na música que sobe na dor, para não se deixar abater pela melancolia dos fatos. E se for pra chorar, chora pela intensidade de viver à flor da pele sem medo do depois.

Aqui não tem como eu acessar o You Tube ou similar para postar o vídeo. Se quiser, clica aqui


And I know it aches
How your heart it breaks
You can only take so much
Walk on! Walk on!



Walk On

U2

"And love is not the easy thing
Is the only baggage that you can bring
Love is not the easy thing
The only baggage you can bring
Is all that you can't leave behind"

(E o amor não é uma coisa fácil
É a única bagagem que você pode trazer
Amor não é uma coisa fácil
A única bagagem que você pode trazer
É tudo o que você não pode deixar para trás)


And if the darkness is to keep us apart
And if the daylight feels like it's a long way off
And if your glass heart should crack
And for a second you turn back
Oh no, be strong

(E se a escuridão for nos separar
E se a luz do dia parece estar muito longe
E se seu coração de vidro se partir
E por um segundo você quiser voltar atrás
Oh, não, seja forte)


(Chorus)
Walk on! Walk on!
What you got, they can't steal it
No, they can't even feel it
Walk on! Walk on!
Stay safe tonight

(Continue em frente, continue em frente
O que você conquistou, eles não podem te roubar
Não, eles não podem nem sentir isso
Continue em frente, continue em frente
Mantenha-se segura esta noite)


You're packing a suitcase for a place
None of us has been
A place that has to be believed to be seen
You could have flown away
A singing bird in an open cage
Who will only fly, only fly for freedom

(Você está arrumando a mala para ir a um lugar
Onde nenhum de nós esteve
Um lugar no qual se tem que acreditar para se ver
Você poderia ter voado para longe
Um pássaro cantando em uma gaiola aberta
Que só irá voar, só voará pela liberdade)


(Chorus)
Walk on! Walk on!
What you got, they can't deny it
Can't sell it, or buy it
Walk on! Walk on!
You stay safe tonight

(Continue em frente, continue em frente
O que você conquistou eles não podem te negar
Não podem te vender, nem podem te comprar
Continue em frente, continue em frente
Mantenha-se segura esta noite)


And I know it aches
How your heart it breaks
You can only take so much
Walk on! Walk on!

(E eu sei que dói
Como o seu coração se partiu
Você pode aguentar mais um pouco
Continue em frente, continue em frente)


Home!
Hard to know what it is
If you never had one
Home!
I can't say where it is
But I know I'm going
Home!
That's where the hurt is

(Lar
Difícil saber o que é
Se você nunca teve um
Lar
Eu não sei onde é
Mas, eu estou indo pra lá
Lar
É onde a dor está)


And I know it aches
And your heart, it breaks
And you can only take so much
Walk on!

(E eu sei que dói
E o seu coração, ele se partiu
E você pode aguentar mais um pouco
Continue em frente)


You've got to leave it behind:

All that you fashion
All that you make
All that you build
All that you break
All that you measure
All that you feel
All this you can leave behind
All that you reason, it's only time
And I'll never fill up all I find
All that you sense
All that you scheme
All you dress-up
All that you've seen
All you create
All that you wreck
All that you hate

(Deixe para trás
Você tem que deixar isso para trás
Tudo o que você produz
Tudo o que você faz
Tudo o que você constrói
Tudo o que você quebra
Tudo o que você mede
Tudo o que você sente
Tudo isso você pode deixar para trás
Tudo o que você raciocina, é apenas tempo
E eu nunca estarei acima do que procuro
Tudo o que você percebe
Tudo o que você conspira
Tudo que você veste
Tudo o que você vê
Tudo que você cria
Tudo o que você destrói
Tudo o que você odeia)

26.6.09

I just want to fly! Put your arms around me baby! [Sugar Ray]


Pra voar não precisa ter asas é só fechar os olhos. É possível voar pro céu, pro passado, pro futuro. É possível voar para um presente-fantasia, aquele que você queria que fosse e não é. Adoro voar. A-do-ro! Voar com música é ainda melhor. Mas o melhor vôo é no mar. Como é gostoso voar com um cilindro nas costas e escutar o próprio coração como se fosse de fora pra dentro. Hoje eu ainda não voei, mas vou voar, afinal... hoje é sexta e ninguém pode tirar as asas de mim. Hoje vou voar sozinha, mas estarei com quem eu quiser. Acho que vou voar para a primavera. Ou vou voar de rir. E você?

Se tem uma coisa que eu adoro é festa junina. Gosto de verdade. Das comidinhas, das bebidinhas, do frio, da fogueira, do pessoal com chapéu de palha cretino que, geralmente, não cabe na cabeça. Gosto até das músicas. Gosto do aconchego da festa junina, pois geralmente são sempre feitas na casa de alguém ou em algum lugar gostoso. As pessoas se juntam e dão risada o tempo todo e, se for numa área externa dá pra ver a fumacinha do hálito quente encontrando o ambiente frio. Este ano ainda não fui em nenhuma e pelo jeito se for em alguma só “julhina”. E não terei com quem ir de mãos dadas. E isso, para mim, é como fogos de artifício molhados que não estouram e como balões que se queimam no chão e não sobem. São bandeirinhas rasgadas que caem no canto do muro e não ficam esticadas balançando ao vento. É hálito quente que não encontra a noite fria para fazer fumacinha. É mais triste que Antônio, que ficou sozinho porque o Pedro fugiu com a noiva, aquela que era filha do João.

Quinta-feira é dia de happy hour

“Hoje é dia 25?!” Nossa! (susto) É aniversário do meu pai!
(Pausa dramática de 30 longos segundos. Ela abaixa a cabeça e segura a testa, como se fosse receber uma mensagem e psicografar...)
“Ah! Mas já to aqui mesmo! Garçom, traz o outro chopp doublé?”

...

“Se eu durmo com álcool no sangue acordo passando mal.”

...

- Recebi uma mensagem!
- O que diz?
- “Morreu!”
- Ah! O Michael Jackson morreu!
(todos) - Ahaahahahahaahahhahaahha

...

- Recebi uma mensagem do meu pai
- O que diz?
- “O Michael morreu, antes ele do que eu”

...

“A morte é uma coisa romântica, é byronista.”

...

“Eu preferia ser trocada por um homem. Porque com uma mulher penso: “O que ela tem que eu não tenho?”. Um homem, eu sei o que ele tem que eu não...”

...

“Posso cantar, mas estou com uma fenda nas cordas vocais”

...

“Submarino cheira planta venenosa da casa da minha avó”

...

“Sua chefe é maravilhosa, divertida e adorável!”

25.6.09

Lindo, triste. French!

Meu avô com quase 80 anos tem um notebook e recentemente aprendeu a enviar e-mails, assistir vídeos, fazer buscas (óbvio que ele conhece o Google). Hoje recebi este "filminho" dele, com o grande Charles Aznavour. A música é triste, linda... francesa.